Lidiane Prado
O Guia Definitivo da Amamentação para Mamães de Primeira Viagem

O leite materno é o primeiro alimento do bebê, e também o mais completo. Além de atender todas as necessidades nutricionais e orgânicas da criança, favorece também o seu crescimento saudável, promove a saúde materna e reforça o vínculo emocional entre a mãe e o seu filho. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda a amamentação já na primeira hora de vida, para que a criança receba os anticorpos que vão protegê-la de bactérias, vírus e outros agentes infecciosos. Por isso, não existe qualquer tipo de dúvida na comunidade científica internacional sobre a importância da amamentação.
Segundo o Ministério da Saúde, o leite materno deve ser a fonte de alimentação exclusiva das crianças até os primeiros 6 (seis) meses de idade, já que possui nutrientes importantes para o desenvolvimento cerebral, combate infecções, protege o bebê contra vírus e bactérias e evita diarreias.
Já a OMS possui a meta de que pelo menos metade dos recém-nascidos do planeta sejam alimentados no peito até o ano de 2025 (em 2013 o índice era de apenas 38%).

Mas ao contrário do que muita gente imagina, amamentar não é fácil, simples ou instintivo. Logo nos primeiros dias após o parto o mito da maternidade mágica dá lugar a uma série de intercorrências que acometem mulheres de qualquer idade, etnia, orientação religiosa ou classe social: dor, fissura nas mamas, leite “empedrado”, criança mordendo os mamilos, bebês emagrecendo e sensação de impotência ou culpa por parte da mãe.
Não se desespere, você não é a única que tem dúvidas! Por isso mesmo, nós da Hera - Amamentação Descomplicada preparamos esse guia definitivo sobre amamentação, que esclarece de forma clara e objetiva as principais dúvidas das mamães. Informação é uma das melhores armas que você pode ter, então aproveite ao máximo.
E se ainda assim você tiver algum problema com a amamentação do seu filho(a), uma ótima notícia: existe solução para todos esses problemas, e ela pode estar a poucos cliques de distância! Já atuam no mercado as chamadas consultoras de amamentação, que são profissionais com formação na área da saúde (geralmente enfermeiras), especializadas no assunto através de cursos específicos e treinadas para resolver qualquer tipo de situação. Acesse nossos serviços aqui no site e conheça mais sobre o serviço!
POR QUE É IMPORTANTE AMAMENTAR NAS PRIMEIRAS HORAS DE VIDA?
Os efeitos da primeira mamada são imediatos. O bebê ingere anticorpos da mãe para sua própria defesa orgânica e a mãe terá facilitada a descida do seu leite. Quando o bebê suga, dois hormônios são liberados: a prolactina, responsável pela produção do leite; e a ocitocina, responsável pela ejeção do leite pelos ductos. Também conhecido como o hormônio do amor, a ocitocina é liberada com o estímulo de um simples toque da mãozinha ou da cabeça do bebê sobre a mama. Esse processo é como um sinal para o corpo da mãe, dizendo que é hora de produzir mais leite materno.

SÓ O LEITE MATERNO JÁ É SUFICIENTE PARA ALIMENTAR O BEBÊ?
Sim! E isso quer dizer que você não precisa nem dar água para o seu bebê se ele estiver mamando no peito.
Absolutamente tudo o que ele precisa está no leite materno, que é composto por proteínas, açúcar, vitaminas, minerais e numerosos componentes bioativos, como hormônios, enzimas e células vivas para sustentar um crescimento saudável. Até os seis meses de idade o leite materno deve ser a única fonte nutricional da criança, mas a amamentação continua a ser benéfica (e recomendada) até os dois anos.
Mais do que isso: segundo a pediatra do Hospital das Clínicas de Porto Alegre, Elsa Giugliani:
"A introdução de outros alimentos antes da hora aumenta a chance da criança ter diarreia, infecções respiratórias, otite média, alergias, asma, diabetes e, possivelmente, síndrome de morte súbita".
Por isso, mamãe, ao amamentar você une o útil ao agradável: vê o seu filho feliz, bochechudo e bem nutrido sem a necessidade de gastos extras com papinhas, vitamínicos e complementos alimentares que, além de caros, ainda são contra-indicados.
O LEITE MATERNO E SUAS FASES
O leite materno varia a sua composição ao longo do tempo e da mamada. Nos primeiros dias pós-parto a mulher produz o colostro, também conhecido como “ouro líquido”. Esse é o primeiro leite a descer, mais espesso e amarelado e constituído principalmente por proteínas e anticorpos. Ele tem como objetivo principal fornecer proteção contra infecções logo após o nascimento, é produzido em pequena quantidade e facilmente digerível.
Entre o terceiro e quinto dia de pós-parto ocorre a apojadura, que é a “descida” do leite. A quantidade produzida pela mãe vai ser bem maior do que o bebê consegue sugar e a composição será rica em gorduras e carboidratos, favorecendo o crescimento. Depois, entre 7 e 14 dias após o nascimento, apresenta-se o “leite de transição”. Finalmente, após esse tempo as mamas produzem o leite “maduro”. Em seu estágio final e definitivo ele possui composição mais estável, e contém todos os nutrientes necessários para o desenvolvimento físico e cognitivo da criança: proteínas, vitaminas, minerais, gorduras e carboidratos, sendo assim suficiente para alimentar exclusivamente o bebê até o sexto mês de idade, não sendo necessário nenhum tipo de complemento.

E SE O MEU LEITE FOR FRACO OU INSUFICIENTE? MEU PEITO É PEQUENO!
Não existe leite fraco! A composição química do leite materno é a mesma para todas as mulheres independentemente de etnia, religião, idade, peso, altura ou tamanho das mamas. As principais alterações nessa composição acontecem por ocasião de algum tratamento, por isso a importância da mulher informar o seu médico sobre a amamentação antes de iniciar qualquer tipo de medicação. E independentemente do tamanho das mamas, elas produzirão a quantidade de leite necessária para alimentar o seu bebê.
Agora a melhor notícia: quanto mais leite é retirado das mamas, maior será a produção! Isso cria um círculo virtuoso que permite até mesmo algumas mulheres doarem seu leite para bancos especializados na coleta do material. De acordo com a professora de enfermagem obstétrica da Unifesp Ana Cristina Vilhena Abrão, esse mito do leite “fraco” ainda é um dos maiores entraves para a amamentação. Segundo ela:
"É um problema cultural, até as bonecas são vendidas com mamadeiras como se fosse mais saudável do que mamar no peito". Confie no seu próprio leite!
O leite materno é um produto natural produzido pelo corpo da mulher. É a única substância que contém anticorpos e outras substâncias que podem proteger as crianças de muitas doenças como diarreia, infecções respiratórias e alergias. Também reduz o risco de asma e diabetes tipo 2 em adultos e obesidade.
OUTROS BENEFÍCIOS DO ALEITAMENTO MATERNO
PARA O BEBÊ:
Maior vínculo com a mãe.
Melhora a digestão e minimiza as cólicas.
Desenvolve a inteligência.
Reduz o risco de doenças alérgicas.
Diminui as chances de desenvolver doença de Crohn e linfoma.
Estimula e fortalece a arcada dentária.
Previne contra doenças contagiosas, como a diarreia.
Protege contra obesidade e reduz a morbi-mortalidade infantil.
PARA A MÃE:
Diminui o sangramento no pós-parto.
Acelera a perda de peso.
Reduz a incidência de câncer de mama, ovário e endométrio.
Evita a osteoporose.
Protege contra doenças cardiovasculares, como o infarto.
Aprofunda os laços sentimentais entre mãe e filho.

PRECISO CONTROLAR O HORÁRIO E A DURAÇÃO DAS MAMADAS?
Não. O modelo mais recomendado de amamentação é o da “livre demanda”, ou seja, respeitando a necessidade imposta pelo seu próprio filho. A criança acorda chorando nos horários em que sente fome, e esse é o sinal mais evidente de que está na hora de amamentá-lo. O intervalo entre cada mamada gira de 2 a 4 horas, e somente se ele passar desse prazo é que precisa ser acordado para evitar a perda de peso. Uma boa regra geral é a de que o bebê deve mamar, no mínimo, 8 vezes a cada 24 horas.
Da mesma forma, o tempo de cada mamada não deve ser fixo para respeitar a individualidade de cada criança. O esvaziamento de cada mama varia de acordo com a fome do bebê, o intervalo entre as mamadas e a quantidade de leite armazenado, e o ideal é esvaziar completamente uma delas para só então oferecer a outra. Se você tiver ofertado as duas mamas em igual proporção, a indicação é oferecer primeiro o seio que o bebê mamou por último.
EXISTE ALGUM ALIMENTO QUE AUMENTE A MINHA PRODUÇÃO DE LEITE?

Não. Evidências científicas jamais comprovaram o aumento da produção de leite materno a partir da ingestão de qualquer tipo de alimento pela mãe. No passado, acreditou-se que canjica, caldo de cana e até mesmo cerveja preta fossem benéficos nesse sentido, mas tudo não passa de um mito. A única substância que facilita a produção de leite materno pelo organismo é a água. Por isso, mamãe, hidrate-se muito bem durante o dia!
O volume de produção do leite materno depende principalmente da sucção do bebê e do esvaziamento da mama. Portanto, quanto mais os bebês sugam e esvaziam os seios de maneira adequada, mais leite a mãe produzirá. Um ciclo virtuoso que deve ser estimulado desde o nascimento.
AMAMENTAR DÓI?
Não! O ato de amamentar não causa dor, ainda que possa haver aumento de sensibilidade nos mamilos nos primeiros dias. Mas se esse leve desconforto transforma-se em um forte incômodo, ardência ou dor, então alguma coisa está errada. Pode ser uma questão simples como a pega e o posicionamento do bebê em relação ao seio, ou algo mais complexo e que pode ocasionar lesões e fissuras nos mamilos (incluindo sangramentos), candidíase mamária e até uma mastite.
Cada um desses casos clínicos deve ser encarado de forma individualizada e possui tratamento específico, incluindo técnicas modernas e eficazes como a laserterapia. O mais importante é saber, no entanto, que a esmagadora maioria dos casos pode ser evitada pelo posicionamento e pela pega correta do bebê. Ele precisa abocanhar a maior parte do seio e não apenas o mamilo, com o lábio inferior aberto sobre a aréola e o queixo tocando a mama. Um sinal claro de que está tudo correto é ver as bochechas da criança ficarem cheias, bem redondinhas. Se isso não estiver acontecendo, é altamente recomendável recorrer a uma consultora de amamentação para acertar a pega e corrigir os problemas o mais rápido possível.
A PEGA CORRETA
O ambiente deve estar calmo, de preferência sem ruídos. Antes de colocar o bebê no peito a mãe deve adotar uma posição bem confortável mantendo as costas retas e apoiadas para evitar dores. As almofadas de amamentação ou um travesseiro comum são muito úteis para apoiar e descansar os braços enquanto o bebê mama. Qualquer que seja a posição, o bebê deve estar com o corpo virado para a mãe (barriga com barriga) e com a boca e o nariz na mesma altura da mama.
Leve o bebê ao peito, e não o peito ao bebê. Primeiramente, a mulher deve encostar o mamilo no lábio superior ou no nariz do bebê, fazendo com que ele abra bem a boca. Em seguida, deve mover o bebê para que ele abocanhe a mama quando estiver com a boca bem aberta. Para que a amamentação dê certo, o bebê precisa abocanhar toda a aréola ou boa parte dela, e não só o mamilo. Fazer uma pinça com o seu indicador e polegar, em forma de C, pode ajudar a aréola a entrar inteira (ou em parte) na boca do bebê. Puxar levemente o queixo do bebê para baixo também ajuda para que ele abra mais a boca.
O bebê tem que ficar com boca de “peixinho” ou seja, lábios curvados para fora e queixo encostado no seio. Dessa forma ele vai conseguir abocanhar a maior parte da aréola, ficando o mamilo posicionado bem no fundo. Além de não ferir o mamilo, o bebê vai conseguir assim fazer movimentos ritmados com a língua contra a superfície. Para saber se está tudo certo, é simples: você não terá dor e vai sentir a sensação de esvaziamento do peito. Além disso, se seu bebê estiver fazendo xixi em grande quantidade e cocô regularmente, ganhando peso adequadamente e não ocorrer lesões mamárias, quer dizer que tudo está fluindo bem.
DICAS RÁPIDAS PARA QUE O BEBÊ FAÇA A PEGA CORRETA
Os lábios do bebê ficam voltados para fora, e a boca aberta como “boquinha de peixe”.
O queixo do bebê fica encostado no seio da mãe.
A barriga e o tronco do bebê ficam voltados para a mãe.
A bochecha do bebê enche quando suga o leite.
O bebê deve pegar todo o mamilo e a parte inferior da aréola.
O nariz do bebê não encosta no seio da mãe, e ele respira livremente;
DICAS DE POSIÇÕES PARA AMAMENTAR
Tradicional

É a posição mais usada por ser bem confortável para mamãe e bebê. É aquela que você vê em todas as fotos de mulheres amamentando e provavelmente a primeira a ser ensinada à mãe. A posição é “barriga com barriga”.
O corpo do bebê deve ficar na altura da mama, de frente para a mãe, deitado.
O bebê deve estar barriga com barriga. Parece um detalhe sem importância, mas, se não estiver assim, atrapalha muito a mamada.
O braço de baixo do bebê vai abraçar a mãe.
A coluna do bebê deve estar alinhada: se o pescoço estiver torto, ele estará desconfortável.
A cabeça do bebê fica apoiada no antebraço da mãe.
As almofadas de amamentação ajudam a alcançar a altura correta, mas é possível fazer uma pilha de travesseiros ou almofadas comuns para elevar o bebê.
Invertida

Ótima para quem estiver se recuperando de uma cesárea ou tiver seios grandes. A cabeça do bebê fica para frente e os pés para trás, apontando para o encosto de onde a mãe estiver. Muito útil em situações onde o bebê aceita apenas um seio. Boa posição para gemelares (gêmeos), pois é possível amamentar os dois bebês ao mesmo tempo.
Coloque uma pilha de cobertores ou travesseiros para que o bebê chegue à altura do peito da mãe.
O bebê fica debaixo do braço da mãe e o corpo dele corre pela lateral do tronco.
A barriga do bebê deve estar voltada para o tronco da mãe.
Mão e braço da mãe servem de apoio para o bebê.
Cavalinho

Uma boa opção para os recém-nascidos, já que facilita que o bebê abocanhe a maior parte dá aréola.
A mãe coloca o bebê sobre uma das pernas, do mesmo lado do peito que irá mamar, de frente para a mãe, e segura a cabeça do bebê com sua mão.
A mãe deve sustentar o peso da cabeça do bebê, pois ele ainda não tem estrutura para sustentar sozinho a própria cabeça, que é até proporcionalmente maior do que o próprio corpo.
O ideal é segurar a criança pela nuca, apoiando nos dedos polegar e médio o ossinho que fica embaixo das orelhas do bebê, fazendo uma resistência de baixo para cima. A ideia é sustentar.
Deitada

Ajuda muito nas longas noites quando o bebê ainda acorda várias vezes para mamar.
A mãe deita de lado e posiciona o bebê na sua frente, ambos “barriga com barriga”.
A cabeça do bebê deve ficar sobre uma pequena elevação.
A mãe não deve usar essa posição se estiver sonolenta, pois corre o risco de dormir sobre o bebê.
TENHO MAMILOS PEQUENOS, PLANOS OU INVERTIDOS. POSSO AMAMENTAR NORMALMENTE?
Sim. O tamanho dos mamilos pouco interfere na amamentação, já que o posicionamento do bebê é ajustado a partir da mama como um todo, e não apenas do bico. Já o formato pode influenciar em alguns casos e tornar a amamentação mais desafiadora no início, como no caso dos mamilos planos (onde o bico não é pronunciado) e dos mamilos invertidos (quando eles projetam-se para dentro). No entanto, todos eles funcionam morfologicamente da mesma maneira e desempenham as mesmas funcionalidades, não havendo qualquer tipo de restrição prática para a amamentação propriamente dita.
Se a mãe estiver com muita dificuldade para acertar o posicionamento e a sucção do bebê e desconfiar que isso esteja acontecendo por causa do formato de seus mamilos, o ideal é procurar a ajuda de uma consultora para fazer ajustes nas técnicas de amamentação com a orientação da profissional.
COMO INTERROMPER A MAMADA?
Normalmente o bebê larga o peito sozinho. Mas caso precise tirar ele para acertar a pega, você nunca deve puxá-lo! Para interromper de maneira correta, você deve usar o dedo mínimo no canto da boca do bebê (dentro da boquinha), fazendo uma leve compressão do maxilar para baixo, ajudando-o a abrir a boca, para em seguida, retirá-lo do peito. Nunca insista na amamentação com a pega errada. Retire-o do seio e recomece.
SEMPRE DEPOIS DE MAMAR O BEBÊ PRECISA SER COLOCADO PARA ARROTAR?

Sim. Isso porque ao mamar ele engole um pouquinho de ar, e é importante o arroto para expelir esse ar evitando assim futuras cólicas. Para facilitar o processo, coloque o bebê na posição vertical e dê uns “tapinhas” bem leves nas costas. Nem sempre o bebê arrota e isso não é motivo de preocupação. Você deve mantê-lo por 10 ou 20 minutos na posição vertical.
COLOQUEI SILICONE OU FIZ ALGUM TIPO DE INTERVENÇÃO CIRÚRGICA NAS MAMAS. VOU CONSEGUIR AMAMENTAR?
Sim, mas isso vai depender das técnicas cirúrgicas utilizadas no procedimento. Mamoplastias de aumento dos seios não manipulam tecido glandular, já que as próteses são posicionadas sob o músculo ou sob as glândulas mamárias. No entanto, alguns procedimentos da cirurgia podem incluir o corte e/ou a manipulação de dutos, interferindo ou até mesmo impedindo a descida do leite. As cirurgias de redução dos seios são ainda mais sensíveis já que eliminam parte do tecido glandular, fator que nem sempre é compensado pela hipertrofia das estruturas remanescentes. Em ambos os casos pode haver uma demora maior na descida do leite e, em algumas situações específicas, até mesmo a irreversibilidade do quadro. Por isso, se você vai fazer uma intervenção nos seios mas deseja amamentar, converse com o seu médico antes de fazer a cirurgia.
Os dois principais vilões para a amamentação, no entanto, continuam sendo a própria insegurança da mulher e a falta de apoio e de conhecimento da equipe de saúde. Paciência, parcimônia e o acompanhamento de uma profissional especializada são as melhores armas nesses casos!
QUAIS SÃO OS CUIDADOS QUE EU PRECISO TER COM OS MEUS SEIOS DURANTE O PERÍODO DA AMAMENTAÇÃO?
Enquanto estiver amamentando use sempre um sutiã firme, confortável e de tamanho adequado no seu dia-a-dia. Ao preparar as mamas não use buchas nem esfregue seus mamilos, e lave-os somente com água (sem sabão) para manter intacta a proteção natural da pele. Até mesmo a toalha é dispensável para não ressecar o mamilo. Outra dica valiosa é tomar breves banhos de sol diários nos seios e mamilos, não superiores a 15 minutos. Isso aumentará a elasticidade da pele, que fica mais resistente a lesões e feridas.
Durante a amamentação, preste atenção ao posicionamento do seu filho para evitar que ele machuque os seus mamilos mesmo que você já tenha experiência no assunto. E sempre tire o excesso de leite quando a mama estiver muito cheia, já que alguns bebês não conseguem dar conta de todo o leite produzido. Você vai senti-las doloridas e “duras”, então massageie os seios em movimentos circulares para, em seguida, realizar a ordenha. O excesso pode ser armazenado ou mesmo doado para bancos de leite humano, se eles estiverem disponíveis na sua cidade. O peito endurecido pode dificultar a pega do bebê e prejudicar a mamada, então não se esqueça de fazer isso e, se tiver dúvidas, procure ajuda.
COMO EVITAR O INGURGITAMENTO MAMÁRIO
Também conhecido como “leite empedrado”, o ingurgitamento mamário pode acontecer em qualquer fase da amamentação, mas é mais frequente nos primeiros dias após o nascimento do bebê. É extremamente desconfortável para a mãe e pode deixar a aréola mais rígida e inchada, dificultando a pega adequada do bebê. Toda vez que você sentir o seu seio muito cheio você deve realizar a massagem e ordenha, já que o leite acumulado vai ficando mais viscoso, dificultando a saída. Existem no mercado as chamadas “bombinhas” de amamentação que auxiliam no processo, mas você pode fazer isso de forma individual com as próprias mãos.
Massageie o seio com a ponta de dois dedos iniciando na região mais próxima da aréola e indo até a mais distante, ao mesmo tempo que apoia o seio com a outra mão. Insista por mais tempo nas áreas mais doloridas.
Apoie a ponta dos dedos polegar e indicador acima e abaixo da aréola, comprimindo o peito contra o tórax.
Aperte o seio próximo do mamilo, como se tentasse aproximar as pontas dos dedos, mas sem deslizar na pele. O leite sairá através de jatos.
Se você observar pontos doloridos ou avermelhados nos seios, realize uma massagem com movimentos circulares durante a ordenha do leite. Isso desobstrui ductos e impede que a mastite se desenvolva. Massageie bem, até perceber uma melhora no quadro.

POSSO UTILIZAR MAMADEIRAS, CHUPETAS OU PROTETORES DE MAMILOS?
Não! Isso pode prejudicar seriamente a efetividade da amamentação e comprometer a saúde do(a) seu(ua) filho(a). Além da confusão com os diferentes tipos de bicos, a sucção do leite no peito requer um esforço maior por parte da criança. Por isso, quando a mãe oferece as mamas e também a mamadeira/chupeta o bebê percebe uma dificuldade maior de se alimentar nos seios, rejeitando-os e atrasando o processo natural. Isso também leva a uma menor produção de leite, que pode ser insuficiente para a correta nutrição do bebê.
Ainda segundo a pediatra Patrícia Hernandez, do Fleury Medicina e Saúde (SP), não é interessante “facilitar” a vida da criança nesse momento porque os músculos utilizados durante a amamentação serão posteriormente importantes para a mastigação e a linguagem.
Já os protetores de mamilos favorecem o surgimento de fungos nos mamilos, causando dor e, às vezes, até mesmo quadros de candidíase mamária (altamente incômoda).

Os protetores devem ser substituídos pelas chamadas “rosquinhas de amamentação”, confeccionadas com uma fralda pequena colocada ao redor da aréola. Além de serem fáceis de lavar e manterem a região seca, esse tipo de proteção mantém o bico do seio afastado do sutiã, não faz pressão exagerada e não obstrui ductos. Eles devem ser trocados sempre que ficarem úmidos.
Se o seu bebê tiver mais de seis meses de idade ou você tiver que voltar ao trabalho sem conseguir ficar com ele o tempo todo, armazene o seu próprio leite e ofereça-o com a ajuda de um copinho ou uma colher dosadora, nunca uma mamadeira. Os acessórios são comuns e podem ser encontrados em lojas de artigos infantis.
MEUS SEIOS VÃO FICAR “CAÍDOS” DEPOIS DA AMAMENTAÇÃO? OS MAMILOS MUDAM DE COR?

O fator fundamental para as mudanças nos seios de uma mulher é genético, então se sua mãe tem seios flácidos você possui maior propensão de tê-los, independente da amamentação. O que provoca a mudança em si não são exatamente as mamadas do seu bebê, e sim a gestação. O processo começa ainda com o bebê na barriga, quando as mamas crescem e o estiramento/retração (semelhante ao “efeito sanfona” do emagrecimento) faz com que a pele não volte exatamente ao estágio inicial. Por isso, o risco de fragilização das mamas cresce com o número de filhos. Já os mamilos apresentam um aspecto mais escuro durante o período de lactação mesmo em mulheres que não amamentam, mas é importante dizer que eles voltam ao normal após o final desse período.
A flacidez dos seios é um dos maiores receios das mulheres durante a gestação, mas hoje já estão disponíveis tratamentos estéticos que ajudam a solucionar o problema. Algumas mulheres fazem inclusive o caminho inverso: implantam próteses de aumento das mamas por sentirem-se melhor com os seus seios no tamanho que estavam durante o período da amamentação.
MEU BEBÊ TEM MUITA CÓLICA, O QUE DEVO FAZER?
Banhos de balde com água morna. A criança sente como se estivesse novamente na barriga da mãe, ficando calma e serena.
Massagens leves, que nunca devem ser feitas após a mamada. Dobre as perninhas do bebê sobre a barriga intercalando-as, como se a criança estivesse “pedalando”. Também funcionam movimentos circulares no sentido horário sobre a barriga do bebê, comos e você estivesse desenhando círculos sobre ele.
Aqueça uma fralda ou coloque uma bolsa de água quente envolvida por uma toalha (cuidado com a temperatura) sobre a barriga do bebê.
POSSO FUMAR OU BEBER DURANTE A AMAMENTAÇÃO?
Tudo o que a mãe consome acaba tendo consequências na qualidade do leite por ela produzido. Por isso, segundo a nutricionista Beatriz Strepel, experiente na administração do Banco de Leite Humano do Hospital Fêmina (RS),
“o tabaco reduz o volume e afeta a produção dos nutrientes do leite. Todas as substâncias do tabaco passam por meio do leite materno para o bebê”.
Até por esse mesmo motivo, mulheres fumantes não podem doar seu próprio leite.
O álcool também é extremamente prejudicial. Um estudo conduzido na Austrália e publicado na revista Pediatrics demonstrou que as mulheres consumidoras de álcool durante a amamentação têm maior probabilidade de desenvolver filhos com habilidades cognitivas reduzidas. Isso porque o álcool pode ser identificado no leite materno em até 3 horas após o consumo. Outras pesquisas disponíveis apontam ainda sonolência, transpiração excessiva, fraqueza e ganho de peso anormal em bebês que ingeriram leite materno de mães alcoólatras. O consumo de álcool também está associado à interrupção precoce da amamentação, à perturbação dos padrões de sono dos bebês e à redução da ejeção do leite. Portanto, se estiver amamentando não beba!

SE EU NÃO CONSEGUIR AMAMENTAR, MEU FILHO PODE MAMAR NO SEIO DE OUTRA MULHER QUE TENHA MAIS FACILIDADE?
Não! Comuns em histórias da literatura, novelas e filmes, as chamadas “amas-de-leite” amamentavam bebês no lugar de suas mães biológicas, no que é caracterizado tecnicamente como “amamentação cruzada”. Ela é altamente contra-indicada porque existe um alto risco do leite materno transmitir microorganismos e doenças infecto-contagiosas, incluindo: herpes, hepatite, sarampo, caxumba e até mesmo HIV. O leite de cada mulher é produzido especificamente para seus próprios filhos, e deve ser consumido in natura apenas por eles.
Assim que é extraído e vai a um banco de leite, por exemplo, o leite materno passa por um processo de pasteurização que elimina qualquer risco de contaminação. Por isso não amamente outro bebê que não o seu, e nem permita que outras mulheres façam isso com o(a) seu(ua) filho(a). Mesmo que a mulher esteja aparentemente saudável e assintomática, ela pode estar em um período de janela imunológica e, por isso, sem sintomas aparentes de diversas doenças. Tenha prudência!
Gostou? Esperamos que esse guia te tranquilize esclarecendo as principais dúvidas sobre amamentação, mas se ficou alguma coisa pra trás entre em contato com a gente no WhatsApp que estamos prontos para te atender! Siga também nossas redes sociais e, sempre que precisar, uma consultora de amamentação estará disponível a um clique de distância.
